domingo, 20 de junho de 2010

3 x 0

Demorei mas voltei. Minha saúde nesta última semana não permitiu que eu escrevesse.
Acabei de ver o jogo e fiquei pensando que bastou eu me sentir melhor que nem pensava mais em câncer, só estava interessada nos gols do Brasil. O Kaká é gato, mas a Suzana Werner tá bem servida, né gente? Outra coisa que eu estava reparando é na torcida. As pessoas perdem a noção! Não existe ser humano que fique bem com aquela peruca tóin oin oin verde e amarela! Prefiro torcer careca!
Mas eu não ia falar nada disso. Eu quero contar que andava pensando que qualquer um dos meus amigos está autorizado a usar de violência física comigo se quando eu ficar boa me ouvir reclamar que:
- meu cabelo não tá bom
- o empadão tá salgado
- não tenho roupa
- fulaninho não me ligou
- sicraninho não me chamou para aquele papel
- tá engarrafado
- tô com medo do avião cair (SEMPRE acho isso)
- essa meleca dessa peça não tem público
Só que eu quero tanto ficar boa, mas tão boa que eu quero "esquecer" tudo isso e voltar a reclamar que minha unha quebrou. Não é melhor?
ps 1 - tô respondendo aos comentários
ps 2 - essa data aí em cima tá errada hoje é dia 28 de junho

sábado, 19 de junho de 2010

Superpop

Sempre fui exibida. Quando pequena adorava ser o centro das atenções, ficava no meio da sala imitando as chacretes. Como era péssima bailarina e o Chacrinha morreu, virei atriz. Sempre que dá ainda imito as chacretes através de algum personagem e às vezes gosto de ser o centro das atenções. Mas o palco sempre me satisfez, não topei posar nua e nunca me senti à vontade de falar da minha vida em entrevistas. Aliás, não gosto de entrevistas. Sempre que leio acho que fui burra, a foto poderia ter ficado melhor e sinto-me desconfortável quando o assunto é pessoal, exceto talvez quando tive minha filha que por acaso era o bebê mas bonito do mundo e achava que deveria dividir isso com os outros habitantes do planeta. Agora... vai me entender... inventei esse blog! Tô tentando dividir minha experiência, mas preservando minha intimidade. Não se tõ conseguindo, acho que preciso me controlar, se não, daqui a pouco eu tõ numa mesa redonda com a Thammy Grechen no programa da Sônia Abrão.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

irritando marcia cabrita

Quando eu não estava com câncer também tinha a maior dificuldade de lidar com isso. Não sabia se ligava, se não ligava, não sabia o que deveria falar. Mas acho que tinha um comportamento sábio: não sabia o que falar? Calava minha boca!
Sinceramente, compreendo esse comportamento. Eu realmente acredito que ninguém magoe por mal, pelo contrário, é na intenção de ajudar, mas... tentarei reproduzir um diálogo que aconteceu entre mim e uma pessoa muito querida pouco antes da minha cirurgia:
- Oi querida, vc está ótima! Como vc está de saúde?
- Bem, acabei a primeira fase de quimioterapia e vou operar na semana que vem.
- Operar? Ah... Mas tem mesmo que operar?
Eu respondi:
- Tem, inclusive minha cura está na cirurgia!
O que eu deveria ter respondido:
- Não Pedro Bó, (entrego aqui minha idade), sabe querido, tô de bobeira semana que vem, então resolvi ficar com a barriga aberta durante 7 horas, depois traslado para CTI, ai, tô louca pra conhecer o CTI, um lugar tão famoso, dizem que os nativos te tratam com a maior atenção e depois, novamente traslado, sempre com 2 bofes maravilhosos te carregando, para 8 dias no quarto, mil injeções, dor, e o que é incrível, é melhor que spa, não comerei NADA durante toda minha estada.
Como eu não disse nada disso ele continuou:
- A cura não está na cirurgia não, tá na sua cabeça.
OOOOOOOOOOOIIIIII? Socoooooocorrroooo!!! Na minha cabeça? Eu confio mais no Dr. Celso!!!!!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

uma gota de vaidade em um mar de problemas II

Caluniei o médico de São Paulo! No hospital, depois da segunda enfermeira dizer que eu estava com a barriga flácida, resolvi perguntar ao médico o que era isso. Não é possível a pessoa embregar tanto de uma hora para outra.
Nada disso, na linguagem de médico "barriga flácida" quer dizer que a barriga está sem gazes. Posso dizer até que o doutor paulista me elogiou. Ainda bem, eu tô doente mas não tô uma jaca mole.

meu momento Hebe

Meus amigos sabem que eu não sou nem um pouco Pollyana. Mas eu tenho que admitir que essa doença trouxe coisas boas pra mim:
- Passei a dar um valor muito mais amplo à vida
- Nunquinha imaginei que seria capaz de escrever coisas e muito menos que muitas pessoas se interessariam por elas.
- Vivia reclamando do meu cabelo e hoje acho que eu tenho o cabelo mais lindo do mundo, ah.. vai.. talvez Gisele me supere.
- Descobri que poucas pessoas tem amigos como os meus.
- Minha irmã, que nunca teve tempo pra fazer nada, arranjou 10 dias para ficar comigo no hospital e se fossem 20 ela arranjaria também.
- Poucas pessoas tem a chance de ter uma filha que aos 9 anos, da cabeça dela, mobiliza minhas amigas e minha empregada, faz uma festa surpresa com bolo, sanduiches,balões e convidados, tudo isso sem eu desconfiar de nada, com o dinheirinho da mesada, porque eu voltei do hospital.
- Descobri que a medrosa, a chorona, a apavorada pode ser muito corajosa.
Tô melhor que a Hebe.

domingo, 13 de junho de 2010

hebe

Ola! Voltei! Para quem se preocupa comigo, estou ótima e seguindo tratamento.
Tinha decidido voltar ao blog criticando a entrevista que Hebe Camargo deu à Veja. Quando li estava cheia de dores no hospital e não gostei. A-do-ro a Hebe, mas essa subvalorização da doença não me caiu bem. Parece que esse super otimismo e alegria de viver são a solução de todos os problemas. Não me parece justo com quem está sofrendo. Existem muitas pessoas que tem sim, muitos problemas com a quimioterapia(não é o meu caso), pessoas que "perdem a batalha" contra o câncer (detesto isso)e não acredito que tenha faltado a elas "alegria de viver". Claro que alegria e bom humor são importantes e sempre bem vindos, mas existe o inexplicável.
Agora fui reler a reportagem e... achei tão bacana uma senhora daquela idade encarar tudo dessa maneira que vou calar a boca. Faz de conta que eu não escrevi nada disso aí em cima.